Juliana Keiko Hayashi
2 min readApr 11, 2021

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coerência, consistência, constância

de lugar nenhum para lugar algum

essas três palavras mágicas tem sido minha busca desde que aceitei que ainda não havia descoberto em mim seus significados.

pessoa inconstante, incoerente, inconsistente, algo que venho me definindo como até então. não caber em um papel, em um lugar, em um relacionamento, em uma só vida, tem sido minha maldição e minha bênção.

me sinto viva e ao mesmo tempo fugindo de tudo e qualquer coisa que me restrinja. naturalmente não é algo consciente, mas noto que isso é o que acontece. pago alto o preço dessas “escolhas”. é claro que perceber-se é algo que transforma.

o comum, a rotina, o igual, me parece tão desinteressante, me estimula o movimento, o improvável, o novo, o desafio. não me imaginem como uma aventureira viajante, que não é o caso (mesmo adorando viajar). mas tenho um lado viajante abstrato, vou para dimensões distantes do meu quarto em silêncio sozinha sem uso de nenhuma substância psicoativa.

meu mundo interno é rico e tenho medo que alguém invada. sou bem egoísta na verdade, compartilhar de meu mundo é um esforço que hoje estou aprendendo a fazer, afinal, acredito que as belezas que cada um tem dentro de sim devem ser compartilhadas para deixar o mundo mais belo, um lugar melhor de se viver, inspirar pessoas a fazerem o mesmo.

Meu lado idealista crê piamente que todos, absolutamente TODOS, tem dentro de si um tesouro escondido, que seu dever e missão nessa vida é descobrir e compartilhar esse tesouro ao mundo como forma de gratidão à vida, ao milagre de se estar vivo.

Tudo bem não sentir que é um milagre estar vivo, achar tudo tão corriqueiro, ou pior, sem nenhum sentido. Sentir-se extremamente inseguro, sozinho e abandonado nesse mundo caótico, doente e decadente. Sinto o mesmo.

Mas depois volto-me pra mim, reencontro um lugar dentro de mim que é quieto e tranquilo, mesmo com o caos e a loucura lá fora. mesmo com medos, paranoias e inseguranças que me perturbam. tem algo mais profundo, mais recôndito, mais oculto, algo que está dentro de mim, mas sei que também está em cada ser. não porque me disseram, ou porque li em algum livro, mas porque SEI que todos podem também sentir o mesmo.

Isso para voltar ao ponto inicial de minha necessidade de viver e aceitar o mundo concreto e material, todas as exigências que dele decorrem, aprender e aceitar que isso não vai de fato restringir meu estado de ser, que não irei me perder em insignificâncias. que até mesmo no que considero como insignificâncias há aprendizado e vida. o que me parece aprisionador é na realidade minha simples incapacidade de perceber sutilezas e de me manter inteira.

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